As palavras que nunca te direi...

Tuesday, August 17, 2004

Viva o amor... a resposta do Francisco

Olá Inês,

Muito obrigado pelo seu mail tão simpáti... STOP... podia dar-lhe a resposta do costume mas não. Gostei mesmo muito do seu mail. Talvez porque a Inês esteja a sofrer por amor. Talvez porque eu já tenha sofrido por amor. Talvez porque soframos sempre por amor. (bolas! tornei-me na margarida rebelo pinto).
Mas a verdade é que sinto que o seu Gonçalo não merece o tempo que passa a sofrer por ele. Só quem nos trata bem é que merece que soframos por ele/a.
Espero que apareça um Gonçalo diferente na sua vida e que a mereça.
O nome para o seu futuro filho é muito bem escolhido.

Grande beijinho,
f

Monday, August 09, 2004

Incêndios

Incêndio em mim, as cinzas são demasiado soltas para prender alguém...

Estórias de sonhos

Tinha mesmo de ser! Eu ia acabar por comprar o livro. Não é que tropecei no 'Viva o amor!', na feira da rua Anchieta (onde não ia há meses), este Sábado de manhã. Estava a adiar este encontro, inevitável. E depois querem que não acredite no destino. Veio ter comigo. Tinha que lê-lo. Soube-o na primeira vez que o encontrei, na Bertrand do CCB. Sou estava a protelar a decisão, talvez, para ganhar tempo e distanciamento.
E cá ando eu, a ler a história da minha estória, mergulhada nas palavras do Francisco Salgueiro. Não há coincidências. O meu filho vai -mesmo!- chamar-se Francisco Maria. O protagonista do livro, 'por acaso', até se chama Gonçalo. E ela, Marta, como a minha irmã. Vela Latina, mesmo ao lado do Piazza di Mare. Cabo da roca, a Fonte da Telha deles. A net, o msn. A Velha infância. Ela podia ser Inês, como eu. É Marta, tem o nome da actual namorada dele. O Gonçalo também não me beijou, no primeiro encontro. Mas, eu também não parei para pensar, nem no Piazza e muito menos na praia, que levaria para aqueles sítios todas as mulheres com quem saía. Se calhar até levou. Só que não fomos juntos para a Indonésia, de férias, um avião, uma ilha, um bangalow em cima da praia, acordar e ver o mar, um mês, eu e ele. Tem que parar por aqui. Pode ser que a palavra FIM, depois de duzentas e noventa e uma páginas, encerre e arquive este final tão necessário.

"Passei ao lado do mundo e tomei a história pela vida", Jules Michelet.A vida é feita de histórias. Escrever é tentar ordenar os capítulos. Desde pequena que teimo em misturar História e histórias, razão pela qual, conto estórias.É muito ténue a linha que separa a realidade da ficção. Por vezes, o que nos sucede em sonhos, transcende uma realidade pueril. As personagens são as mesmas. Há poucas coisas que não mudam nesta vida... as personagens padrão e a ideia de amor.Todos somos personagens tipo na vida de alguém... se calhar é por isso que este mundo é uma aldeia e as histórias se cruzam, paralelas e equidistantes. Para muitos serei lírica, ingénua, uma romântica incorrigível, sonhadora, uma menina que não quis crescer, infantil... Maria Lua... talvez seja, apenas, alguém que não tem medo do sonhar. Sonhar o sonho pela vida e a vida pelo sonho... porque ainda há sorrisos que merecem ser guardados.'Os sorrisos entram e são grandes'_ disse-me o menino. E percebeu que, afinal, podia voltar a sonhar. Contei-lhe uma história, daquelas que hei-de contar à Cuca, para que nunca tenha medo de crescer.As histórias fazem sentido, desde que sejam vividas, nem que seja em sonhos...

Preciso de um novo Gonçalo. um que me saiba amar. Um que queira e saiba ficar, para receber o meu amor. Um para quem eu seja uma batalha diária e constante. Alguém que queira ser, estar, ficar, permanecer, sempre comigo. O verbo 'To Be' dos afectos. Alguém que não tenha histórias mal resolvidas. Alguém que saiba exactamente o que fazer comigo, ou seja, amar-me.
Nem sempre aquilo que queremos, é o melhor para nós. 'Aquilo quem tem que ser nosso, às nossas mãos vem parar'. O Gonçalo não foi, não é, não tinha que ser. Acabou. O livro deve acabar bem. E eu também. Talvez o meu happy end passe exactamente ao lado do Gonçalo que sonhei. Não fiquei com ele porque não tinha que ser, a vida trás sempre papoilas nos braços (Oscar Wilde). 'Viva o amor!'. Vamos ver como termina. A palavra FIM encerra o último capítulo, como sempre, nem sempre. Seja como for, VIVA O AMOR!!!"

Sunday, August 08, 2004

Corações de espuma

Tenho saudades tuas.
Sabes, a saudade que povoa estes dias é feita de bolas de sabão, não tem cheiro, tem cheiros, não tem cor, tem cores... é feita de ti, por ti, pela tua ausência.
Agora, convenci-me ou convenceram-me que tinha de ser assim, ando a aprender a esquecer-te. Esquecer-te... um eufemismo de afectos, que quer apenas dizer que tenho de te arrancar do peito e da lembrança, até que doa tanto que, até que, deixe de doer.
A vida tem-me mostrado que só o tempo adormece paixões. O tempo que te afasta de mim, a natureza sábia, ajuda-me a sobreviver à tua ausência, na expectativa de que -um dia- a tua ausência e todas as tuas ausências deixem de doer.
Não sei o que te trouxe e, muito menos, o que te levou para longe. Passaste por aqui, deixaste cativo o meu coração, ficou a tua marca... o teu cheiro, o teu toque, o teu sorriso, tu feito de ti, e de mim, e de nós, e dos olhos com que te vejo, os mesmos olhos que te viram para logo te amarem. Já não te vejo. Sem querer, mesmo sem querer, ainda te sinto. Imagino-te. Algures, do outro lado do mundo, num país que destruiu outro e permaneceu cruelmente intacto e belo. Sou Timor, devastada por ti. Foste embora. Deixei... deixei-me... deixei-te... ir.
Posso fazer de conta, não choro, não sei chorar, sou uma menina crescida, as meninas crescidas não choram. Peter Pan. Não estás aqui mas eu continuo a ser a Wendy, com alma de Sininho, esperando sem esperar, à espera de um Peter Pan... Gonçalo.
Gonçalo, sempre adorei pronunciar o teu nome, eu gosto de ti. Gonçalo.
Se calhar não devia gostar. Tento gostar menos, todos os dias um bocadinho. Perdi-te, no dia em que me perdi de ti. Perdi-me, no dia em que te perdi. No fio dos dias. Tento encontrar-me, para me poder perder sem ti, em ti, em mim e através de ti.
Não estou triste. Não penso. Não falo. Não escrevo. Sonho. Imagino. Recordo, o passado, o presente e o futuro. Enquanto me lembrar do teu sorriso. A vida levou-te para longe de mim e tu foste, quiseste ir. Tu e a tua Baby. Não tenho ciúmes, ela só existe na medida em que te for fazendo feliz. Um Avião. Uma Ilha. Um bangalow em cima da praia. Acordar e ver o mar. Um mês. Tu e a tua Baby. Depois hás-de voltar, no fio dos dias, e eu vou estar aqui. Sorriso franco. Olhos brilhantes. Braços abertos. Morena. Alegre. Renascida. Renovada. Reciclada.
Gosto de ti mas, aprendi a viver sem ti. Este amor é feito de ausência. Pela ausência, sem ti, vou aprender a não gostar tanto de ti. Cada dia, a cada dia porque, sou uma aluna aplicada. Determinada e metódica, posso levar tempo mas, hei-de conseguir.
"Você não me ensinou a te esquecer".
Ainda não te contei, vou ter cinco filhos, ouvi dizer que vais ter seis. Já escolhi os nomes... Maria Madalena, Francisco Maria, Maria, Martim Maria e Tomás Maria. Não me importava de ter mais um. Os meus, os teus e os nossos.

Tento aprender a esquecer-te, só não consigo aprender a deixar de sonhar. Sonho contigo, porque, ainda tenho saudades tuas. E vou sonhando o próprio sonho.
Volto às bolas de sabão. Hoje choveu. Um arco-íris imenso no céu. Um coração feito de espuma. No fio dos dias... Gonçalo...
Vou tendo saudades tuas.
E um coração feito de espuma.

No fio dos dias...

No fio dos dias, há sempre palavras, as palavras que nunca te direi.